segunda-feira, 11 março 2024 09:48

Meias-finais da Taça da CAF: registo inolvidável sob a batuta do "Monstro Sagrado"

MEIAS FINAIS CAF FERROV COLUNACustou, mas foi uma prestação que se pode reputar de extraordinária. Atingir às meias-finais da edição de estreia da Taça da Confederação, a 27 de Setembro de 1992, foi a afirmação de um projecto paciente e definido na sua identidade. Identidade "locomotiva".


Com 30 mil almas no Estádio da Machava, evidenciando a forte conexão emocional com o Ferroviário de Maputo, e presença especial na tribuna de Joaquim Chissano, antigo Presidente da República, fez-se história. Escreveu-se um capítulo inolvidável na história dos "locomotivas".
Sob comando do falecido e lendário "Monstro Sagrado", Mário Coluna, os "locomotivas" assinalaram uma exibição de gala, vencendo o Sporting Clube Gagnoa (Costa do Marfim), por 3-1, em jogo da segunda mão da Taça CAF. Fumo II abriu o activo, aos 18 ', fazendo o "banho de multidão" vibrar no Estádio da Machava.
Yoko, aos 55', empatou a partida. Nada que fizesse a "locomotiva" perder direcção rumo à estação. O melhor ainda estava por vir, e seria novamente Fumo II a provocar uma explosão de alegria na "Machava", aos 82'.
À Tembe, a quatro minutos do fim, coube a missão de dar o "cheque mate" com um golo que deixou a "Machava " em ebolição.
Foi, para todos os efeitos, o jogo que ditou um apuramento histórico às meias-finais na primeira Taça da Confederação Africana, prova que era destinada aos segundos classificados dos respectivos campeonatos nacionais.
A qualficação ganhou, diga-se, maior dimensão pelo facto de, no mesmo ano, a Costa do Marfim ter conquistado o CAN depois de vencer o Senegal na final, por 11-10, resultado encontrado na marcação de grandes penalidades.
O "onze" escolhido por Mário Coluna foi o seguinte: Nelito, Domingos, Zabo, Fumo, Carlos, Nelinho (Mabjaia), Armandinho, Danito, Fumo II, Tonecas e Tembe.
A fórmula para o sucesso, na prova, começou a ser desenhada ainda no jogo da primeira "mão", quando o Ferroviário de Maputo foi a Abidjan, Costa do Marfim, vencer o Sporting Gagnoa, por 2-0.
Em plena tarde de 12 de Setembro de 1992, Tembe, aos 36', e Nelinho, aos 90', fizeram "gelar" o lotadíssimo Estádio Biaka Boda.
Nesta partida, o Ferroviário de Maputo jogou de início com Nelito, Domingos, Zabo, Fumo I, Carlos, Nelinho, Armandinho, Danito, Nhaca, Tonecas e Tembe.
Facto curioso, nesta eliminatória, é que ao chefe de delegação do Ferroviário de Maputo, Ilídio Dinis, foi alocado um motorista adepto de um clube rival do Sporting Gagnoa.
Na interacção, abordou-o a manifestar total interesse em ver o adversário do Ferroviário de Maputo perder. Como se não bastasse, questionou qual o resultado que interessava ao Ferroviário de Maputo, ao que teve a resposta de 2-0. (que viria a consumar-se).
Acto contínuo, o motorista sugeriu, durante a viagem, que se recoresse a uma galinha e se cortasse o pescoço da ave. Aceite a sugestão, dirigiram-se a um idoso que, segundo relatos, "cortou o pescoço da galinha ainda no sábado, mas esta não morreu, atravessando, para o espanto de todos, o relvado já no domingo, dia de jogo".
Estórias e mitos para recordar e partilhar. O que é certo é que, nas meias-finais, calhou-nos o Nakivubo Sports Villa do Uganda.
A 13 de Outubro de 1992, o CFvM deixou Maputo com destinho a Kampala, fazendo escala em Matsapa e Nairobi, onde pernoitou.
E, no jogo da primeira "mão", arrancou um precioso empate a uma bola, deixando a decisão da eliminatória para Maputo. Zabo marcou para o Ferroviário de Maputo, enquanto Tebo assinou o golo do Nakivubo.
Em tarde de intenso calor, Coluna escalou a seguinte equipa: Nelito, Domingos, Zabo, Fumo I, Carlos, Armandinho, Lázaro, Danito (Mabjaia), Nelinho,Fumo II e Boi.
O encontro da segunda mão, rodeado de muitas expectativas, ficou marcado para 2 de Novembro, no Estádio da Machava. O Ferroviário de Maputo perdeu por 5-3, resultado decidido na marca dos onze metros. Danito e Nhaca falharam os penalties batidos.
Ao cabo do tempo regulamentar, registou-se um empate a uma bola. Fumo II foi o autor do golo do Ferroviário de Maputo. Kato, esse, marcou para o Nakivubo. O conjunto verde e branco alinhou com Nelito, Lázaro, Zabo, Fumo I, Carlos, Nelinho, Armandinho, Danito, Boi, Fumo II e Tembe.
Um dado a reter são as peripécias que marcaram esta eliminatória, senão vejamos: Nakivubo chegou no dia do próprio jogo. A equipa de arbitragem escalada para o duelo não se fez a Maputo, situação que forçou a chamada de árbitros de Eswatini e, consquentemente, a remarcação do mesmo para às 18h00. O técnico electrecista, afecto ao Estádio da Machava, “gazetou” e teve que se recorrer ao seu colega que não conseguiu accionar o sistema de luzes e, para pioar, quebrou de vez. Como consequência, o jogo foi adiado para uma segunda-feira, mesmo assim a “Machava” apresentou boa casa.

COMO TUDO COMEÇOU?
A epopeia do Ferroviário de Maputo, com um feito que atirou o país para as parangonas dos jornais da época, começou a 11 de Abril, quando empatou com o Lunare do Lesotho sem abertura de contagem. O jogo contava para a primeira mão da primeira eliminatória. Para o jogo da segunda "mão", no Estádio da Machava, foram colocados à disposição dois comboios que saíram da Estação Central dos CFM. Agradeceram, os jogadores, que golearam o Lunare, por 4-0, com golos de Tonecas (2), Jojó Fernandes e Tembe. Com uma equipa constituída por Leonardo, Domingos (Fumo I), Zabo, Lazáro, Timóteo, Nelinho, Armandinho, Danito, Jojó, Tonecas e Tembe, o Ferroviário de Maputo fez um agregado de 4-0 no conjunto das duas "mãos".
Veio, depois, o Sagrada Esperança de Angola na segunda eliminatória. A jogar no Estádio da Machava, a 24 de Maio, o Ferroviário de Maputo venceu os angolanos por 3-2. Mais uma exibição inspiradora de Tonecas, que bisou, e Jojó e Tembe que facturaram os outros golos, ditaram uma vantagem magra na primeira "mão".
A decisão ficou para Angola, a 7 de Junho. A sorte, como se diz, acompanha os audazes e foi o que aconteceu ao Ferroviário de Maputo que venceu o jogo, por 5-4, resultado encontrado na marcação de grandes penalidades. No final do tempo regulamentar, o resultado era de 3-2.
Mário Coluna era o treinador principal, coadjuvado por Joaquim João. Abdul Abdulá, hoje na FMF, desempenhava as funções de preparador fisico. António Fidalgo, mais conhecido por Tonecas, foi o goleador da equipa com seis equipas.

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