É que, nesta data, o Ferroviário de Maputo, superiormente comandado por Carlos Ibraimo Aik e o malogrado Hassane Adamo, então “coach”- adjunto, estabeleceu uma nova ordem no basquetebol sénior feminino moçambicano ao se tornar, pela primeira vez na sua história, campeão nacional.
Sonhou-se, numa temporada de ouro, e a obra nasceu no pavilhão do Benfica de Quelimane. A geração “Old School” fez história!
A final, essa, foi ganha com pinta de campeão das atletas diante da galáctica equipa d’Politécnica, por 80-73. Que ter nas fileiras jogadoras da extirpe de Rute Elias Muianga, Zinóbia Dulce Machanguana (Ducha), Kátia Machai (que final da base!), Nádia Navessa Rodrigues, Ondina Nhampossa, Lúcia Ganhane e Sívia Langa era meio caminho andado para o ceptro, ninguém dúvida! Expoente máximo da equipa, Zinóbia Dulce Machanguana, defensora por excelência, saiu de Quelimane com o título de MVP (jogadora mais-valiosa) da competição.
Que a então debutante Nádia Zucule, as juniores Tatiana Ismael (hoje modelo), Taima Cossa, Ivete e Inocência foram o completo perfeito de uma equipa que foi buscar o resultado depois de ter saído do primeiro quarto a perder, todos sabem! As atletas foram enormes, numa prova em que fizeram o pleno, ou seja, venceram os seis jogos disputados fechando com saldo de 489 pontos marcados e 266 sofridos!
E o mérito desta conquista está, pois, no facto d’A Politécnica ter construído na altura uma equipa respeitável, que concentrava alguns dos melhores intérpretes do basquetebol feminino moçambicano e continental: Carla da Silva e Ana Branquinho (atiradoras), Aleia Rachid, Tânia Wachene, Iracema Paulo Ndauane, Vaneza Júnior, Vânia Filipe e Nádia. O Ferroviário de Maputo foi enorme, travou o ataque da A Politénica e foi mais agressivo na defesa comparativamente as “politécnicas” então treinadas por Armando Meque e o malogrado Alexandre Mata.
A caminhada foi de sucesso! Uma exibição ao seu melhor nível, na estreia, revelou que o cinco de Carlos Aik e Hassane Adamo constituía um conjunto a ter em mente, com capacidade para estabelecer dinastia na modalidade.
O Centro de Formação de Chimoio não teve andamento para segurar um Ferroviário de Maputo que, na 1ª jornada, aplicou “chapa 100” vencendo por 116-37. Mais uma jornada, a segunda, mais um passeio com a equipa verde-e-branca a chegar aos 100 pontos ao bater a EDM por 119-42.
Diante do super-apoiado pelo público Benfica de Quelimane, o Ferroviário de Maputo sentiu algumas dificuldades, mas não suficientes para abanar a “nau”. O resultado foi de 96-51, vantagem para o CFvM.

Nas meias-finais, diante de um conjunto da Académica longe do esplendor de outros tempos em que venceu a Taça dos Clubes Campeões Africanos mas com enorme potencial personificado em Deolinda Gimo, Filomena Micato, Janete Monteiro e Ilda Chambe, o Ferroviário de Maputo esteve a perder mais foi buscar o resultado e venceu por 78-68.
A final foi de sonho! O Ferroviário de Maputo, que herdara parte da equipa do Maxaquene, onde, por sinal, Carlos Aik fez história, conquistava o primeiro dos seus oito anéis no basquetebol feminino.
Para tanto, contou, e como, o trabalho desenvolvido por Carlos “Chicha” Lima, ex-chefe de departamento de basquetebol, Isidro Amade, coordenador e figura incontornável no sucesso retumbante das “locomotivas” dentro e fora do país, e Mário Perdiz, fisioterapeuta.